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25 de set. de 2014

NO DIVÃ DO ANALISTA


Irmão mata irmão num fratricídio generalizado, eu nunca pensei que seria assim, irmão roubando irmão, eu nunca imaginei isso, a ambição destruindo nações, a fome como herança, o erro é o certo e o acerto está errado, a violência é a regra e a regra é violenta, sem caminho, caminham hordas, legiões se perdem no caminho que é só caminhar, se engasgam com palavras fáceis, mentem para dizer verdades, mulheres e homens em mistura heterogênea, as serras mudam de lugar e as florestas deixam seus espaços, não ouso imaginar futuro, se o passado já está comprometido e o presente é ausente de sentimentos, se os tanques de guerra rugem mais forte que o sibilar dos ventos da paz, ah! eu não podia imaginar que o dia da criação fosse o dia da sentença de morte, são os meus filhos que já não me obedecem, as águas que já não correm para o mar e nem o mar é a síntese dos encontros, são montanhas em desalinho, são passarinhos que já não voam, não há o canto dos sabiás, nem o baile dos colibris, ah! no dia da criação não havia a fumaça que turva a vista e mata a vida como bem maior, ah! a filosofia, prima irmã da poesia da existência é moribunda, todo consciente existe, mas falta a prática da consciência, tudo parece não ter mais nexo, errou quem criou o trono da criação, o mundo, o universo, as estrelas, o sol e a lua, a cama, a piedade nua, errou! Errou a lógica, a mágica da ilusão, da esperteza, se perdeu na construção, errou na argamassa, tudo aconteceu quando num instante de distração abaixei-me para amarrar o cadarço do sapato, hoje estou aqui senhor analista, cheio da culpa da vida, do peso da cruz e do remorso do tempo que foi cúmplice e vilão e todos acharam que as regras estavam erradas e mudaram sem permissão e quem foi piedoso, hoje dispensa a piedade. Ah! Esqueci-me de dizer meu nome: DEUS!


SÉRGIO SOUZA

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