O coveiro e todo o aparato funeral é, sem sombra de dúvida, feito de gente calejada. Imagine, ter de cavar, ou mesmo fabricar lustrosas sepulturas todos os dias, ser o encarregado da maquiagem, ou aqueles mesmo que estão no hospital, que têm de preparar o defunto para o despache - ainda os próprio penar de assistir ao choro desesperado dos viúvos, órfãos e todo o resto, pois “aquele sim era sujeito alegre, amado e bonito!”. Todo o santo dia gente morre às pencas, imagine, em sincronia, ao som de Rachmaninoff, toda essa gente sendo enterrada, cremada, ou por que não na Índia, despachada em pleno Ganges (nos seus barquinhos cuidadosamente preparados para arder em fogo). A parteira e todo o aparato médico é, sem sombra de dúvida, feito de gente calejada. Imagine, ter de auxiliar, ou até mesmo abrir pessoas todos os dias, ser o encarregado de dar banho, ou aqueles mesmo que estão no hospital, que têm de preparar o bebê para o quarto - ainda os próprio penar de assistir ao choro desesperado dos pais, amantes e todo o resto, pois “aquele sim é neném alegre, amado e bonito!”. Todo o santo dia gente nasce às pencas, imagine, em sincronia, ao som da 9ª de Bee, toda essa gente sendo parida, puxada, ou por que não na Índia, nascida em meio a outros montes, despachada em pleno mundo (nos seus destinos cuidadosamente preparados para arder em fogo).
SÉRGIO SOUZA
Nenhum comentário:
Postar um comentário