Translate

3 de ago. de 2015

POR BECOS E VIELAS


Copiar meus próprios versos. Licença
Confiro caderno. Lápis. Apontador.  
Mão. Braço. Abraço. Pulso. Olho. Boca. Nariz.
Nariz? Para que nariz se não plantei canteiro
E poesia não tem cheiro
Poesia sou eu, é você inusitado no bolso como papel.
Papel que dorme dobrado de conchinha 
Ouvido no canto silencioso de quem escreve
Sem sanidade, com vontade de comer coxinha
Normais que mais parece texto sem contexto
Arrumar a mesa, como quem arruma ideias
Faz compras e confere despesa, poeta
Sem cheiro de paladar, com gosto de vida completa
Calor sem ventilador, olho sem lua
Paz. Biscoito. Café. Gente nua.
Macarrão sem molho, salada crua
Você sim, você poeta que descasca maçãs 
Na brisa das manhãs de lugar nenhum
Até descobrir que tem um poema querendo domar você. 

Eu quero que o poema se dane, se lasque
Tome topadas
Beba tanto que fique viciado, dopado
Ele não é de verdade, é boêmio
É perplexo, não usa sexo, faz imaginar
Como vento sem ensejo, leite sem nata
O poeta não é mais. Nem menos
Que um poeta na esquina.

GUI RODRIGUES

Nenhum comentário:

Postar um comentário