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5 de nov. de 2014

EU VI O TEMPO! / EU NÃO VI O TEMPO!


Eu vi o Tempo
Sozinho na areia, era um rapaz, um menino
Com a carga definitiva do destino.
Eu vi o Tempo
Pensando parado com os olhos azuis
Perpetuados no azul das águas do mar.
Eu vi o Tempo
Com as marcas da alegria e da tristeza
Marcadas em teu corpo franzino de homem-menino.
Eu vi o Tempo
Fumando poesia, e um relógio na algibeira
Era dia, talvez noite, falando na voz do vento.
Eu vi o Tempo
Olhando o infinito finito da eternidade
Lembrando um tempo que o Tempo saudade não viveu.
Eu vi o Tempo
Passando a limpo na areia da praia
O texto verdade de cada tempo.
Eu vi o Tempo
Com todas as nossas feridas marcadas em si
Como medalhões de glória ou enlevo de sentir profundo.
Eu vi o Tempo
Com todo o carma do mundo
Na fumaça do charuto num tragar bem fundo.
Eu vi o Tempo
De longa barba, velho como o Tempo
Novo como o iniciar dos tempos.
Eu vi o Tempo
Falando sozinho na brisa do ar
Conjugando o verbo criar.
Eu vi o Tempo
Na sombra do coqueiro da pedra
Sob as folhas do Baobá.
Eu vi o Tempo
Senhor do passado, compreendedor do passado,
Imaginador do futuro, sonhando na voz da maré.
Eu vi o Tempo
Inspiração,  negação e sentido
E lembrei do meu tempo com lança ferido.
Eu hoje vi o Tempo
Preso e livre no azul infinito do olhar
Caminhando sobre as águas das pedras do mar.
Eu vi o Tempo!

SERGIO SOUZA

Eu não vi o Tempo!
Não sei quando foi
que o passado virou presente,
mas sei que,
de alguma forma,
aquilo que já é ausente.
nunca se foi
Eu não vi o Tempo passar,
Como sempre, eu não vi o Tempo.
ele passou.
e bem diante dos meus olhos sensíveis
Passou pra ser passado.
Quantas nobres crueldades!
Oh! Como minhas barbas cresceram!
Tempo, eu dormi todo esse tempo?
Eu não vi o Tempo;
eu vi água, mar,
areia, pessoas, céu, lua, mas nada de Tempo.
Nada dá tempo,
e tudo parece estar fora do tempo...
pontos de interrogação.
É que os ponteiros apontam
Mas as questões às vezes se afirmam.
Eu dormia
quando meu Tempo chegou.
de perto do Baobá,
Ele veio de longe,
flutuando, como um menino,
sorriu-me e disse:
pelos ventos do destino;
chacoalhou-me,
"Vamos, que eu sou o Futuro,
– que não se vê, que somente se sente – me presenteou:
e já é tempo de transformar!".
E o Tempo o Futuro, agora,
mora no meu presente.
E tudo passa.
Mas no momento
eu não enxergo nada...

GUI RODRIGUES

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