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9 de out. de 2014

ASSOVIO




Quem me pariu foi a savana,
No fundo do mundo sem cor,
Com a marca do sol e a força da dor,
Para pensar no momento,
Para ser o instante da flor,
Mistura dourada dos rios
Sentido único e frio.

Quem me criou foram as águas
Nascentes de sonhos e mágoas,
Torrente de criações e vida.

Quem me nomeou foi o destino,
No vale das vontades e desejos
Ensejos e liberdades, quem me guiou foram as feras,
Por montes, vales e fendas das eras.

Portanto quem hoje manda no meu caminho
É a certeza, filha da mãe das rochas.
Irmã da luta, prima da labuta,
E quem no sentido se perdeu,
E quem comigo não “veredeou”, não sabe o que é ter,
Conhecer o sol por norteada e ter a lua como camarada,
E as classes na forma verdadeiramente amada.

Quem me pariu foi o canto, na manhã clara da sorte
Quem me embalou foram as águas doces
No sobrado dourado que se ergue nas areias de minha mãe,
Quero correr correntezas, valando os vales em busca da dignidade,
Dos que constroem e não habitam.

Quero ser a liberdade do cativeiro, dos disfarçados negreiros.
Vou aprender a ler, para ensinar os meus camaradas.

SERGIO SOUZA

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